Nesta entrevista, Luís Narvion, COO da ABCR Portugal, aborda temas relevantes e de atualidade, incluindo governança, compliance, gestão de riscos, branqueamento de capitais, ética, proporcionando uma visão alargada sobre a experiência e perspetivas a nível da gestão de riscos e fraudes, especialmente no contexto das relações entre Portugal e Brasil.

 

ABCR: Com vasta experiência no mercado financeiro, como avalia o estado atual da governança corporativa e compliance nas empresas brasileiras e portuguesas?

Luís Narvion: Pergunta interessante. O Brasil enfrentou problemas seríssimos de corrupção e fraudes dentro de grandes corporações. Estas corporações eram detentoras de cultura, formação, disseminação e eram acompanhadas por auditorias internas e externas (normalmente BIG 4). Todavia, nada disso serviu para mitigar ou detetar os problemas causados pela alta direção. Fala-se muito de ESG, mas não vejo aplicação efetiva a nível das PME.

Relativamente a Portugal, diria que o País evoluiu nos últimos 5 anos. Quando cheguei a Portugal em 2018, encontrei um país ainda bastante atrasado nas questões de governança. Impressão confirmada por advogados dos principais escritórios portugueses. Passados 6 anos, é com satisfação que constato que Portugal evoluiu rapidamente e está no caminho certo para a aculturação dos conceitos de Governança.

Há, todavia, ainda muito trabalho a ser realizado nos 2 países.

ABCR: Que diferenças mais significativas encontrou entre o mercado financeiro brasileiro e o português em termos de gestão de riscos e conformidade?

Luís Narvion: Neste aspeto o Brasil estava muitos anos à frente de Portugal. Participei numa diversidade de eventos em Universidades portuguesas e a temática era sempre a mesma: como convencer os gestores de empresas sobre a necessidade de implementação da gestão de riscos e compliance?

Nos anos seguintes à minha chegada a Lisboa, constatei através dos media a quantidade de ataques cibernéticos, fraudes e problemas gerados pela absoluta falta de controlos de riscos. Hoje o tema é mais recorrente, principalmente porque as empresas portuguesas terão de adaptar-se às exigências da Comunidade Europeia.

ABCR: Quais são as melhores práticas que as empresas devem adotar para prevenir o branqueamento de capitais?

Luís Narvion: Em primeiro lugar, saber o que é branqueamento de capitais. E em segundo, entender os conceitos de gestão de riscos, Know Your Costumer (KYC), origem e destino dos capitais.

Vejo empresas “terceirizar” a responsabilidade da análise do cliente para os bancos. Errado!

O branqueamento de capitais ou financiamento ao tráfico (humano ou drogas), bem como o terrorismo são crimes transnacionais. É extremamente ingénuo considerar que uma análise superficial sobre quem é a empresa resultará em sucesso a nível da prevenção.

Vejamos um caso prático. Imagine um caso em que um escritório de advocacia sirva um cliente-branqueador de capitais oculto num emaranhado de empresas em sociedades transnacionais. Esse escritório poderá ser acusado de comparticipação. Alguns advogados portugueses referiram-me estar tranquilos e protegidos por sigilo e pelo estatuto da Ordem dos Advogados Portugueses. Concordo em parte, uma vez que a proteção se limita a Portugal. Mas muito certamente, o FBI, Interpol e Europol não terão a mesma interpretação.

 

ABCR: Pode partilhar algum caso emblemático em que a ABCR tenha sido determinante na prevenção de branqueamento de capitais?

Luís Narvion: Tivemos um caso muito recente em Portugal. Fomos contratados por um grande banco de retalho para levantarmos informações sobre um cidadão brasileiro que tencionavam abrir conta e investir capitais na área de private bank.

A área de Compliance do banco não conseguiu investigar todas as informações do cidadão brasileiro desde Portugal. A ABCR foi contratada e em 30 dias comprovamos que o cidadão brasileiro era sócio de dezenas de empresas, é considerado politicamente exposto, devia dinheiro em grande parte das empresas e estava a responder na Justiça brasileira em processo por “lavagem de dinheiro”, conhecido em Portugal como branqueamento de capitais.

O dossier que elaborámos sobre esse cidadão continha uma centena de páginas e tornou a decisão do banco muito mais fácil. Cliente negado!

Podemos ajudar as empresas portuguesas a levantar informações claras, precisas e verdadeiras sobre empresas e cidadãos brasileiros. Somos especialistas no Brasil e em/sobre brasileiros.

É de salientar que, ao trabalharmos com informações públicas, respeitamos a LGPD (Brasil) e RGPD (Portugal e Europa), e operamos em conformidade com a nossa certificação ISO 27001 a nível do padrão e referência para gestão da segurança da informação.

 

ABCR: Na sua opinião, qual a importância da ética na gestão empresarial e como garante a ABCR que as suas práticas estão alinhadas com elevados padrões éticos?

Luís Narvion: A gestão empresarial tem de ser transparente e respeitar os valores sociais e da empresa.

A Ética é um valor definitivo. Não existe meia ética, assim como não existe meia grávida, por exemplo.

A ABCR tem esse conceito desde a sua fundação há 18 anos. Os sócios foram altos executivos em bancos de retalho no Brasil ou advogados com 40 anos de atuação ilibada. Procuramos o aperfeiçoamento, formação e atualização constante dos nossos profissionais.

Em suma, aplicamos na ABCR o que a vida profissional nos ensinou, mitigando o mau e otimizando o bom.

ABCR: Como é que as empresas podem melhorar a sua governança corporativa para minimizar riscos?

Luís Narvion: Pergunta complexa. Vejamos, em primeiro lugar é necessário entender que é um caminho sem volta. A aculturação deve ser top down. Se os gestores não “comprarem” a ideia, é inútil.

A Governança significa conhecer a fundo como a empresa trabalha e como está situada no mercado e sociedade.

O passo seguinte é admitir que as empresas têm riscos e são passíveis de falhas, ataques e erros operacionais ou sistémicos. Todas as empresas têm as suas vulnerabilidades. Mapear riscos, entendê-los e mitigá-los faz parte da gestão de uma empresa. Nunca o custo.

Uma empresa que se conhece é uma empresa alinhada com os conceitos de governança.

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