Nesta segunda entrevista, Luís Narvion, COO da ABCR Portugal, focaliza-se no posicionamento e objetivos da empresa no mercado português e como a ABCR pode ajudar clientes a estabelecer relações de negócio seguras e confiáveis com pessoas ou entidades brasileiras.

 

ABCR: Desde o início das operações em Lisboa, quais os principais desafios e oportunidades com que a ABCR se deparou em Portugal?

Luís Narvion: O maior desafio é convencer o mercado que o investimento em prevenção é muito mais barato do que a correção. Continuamos ainda a encontrar resistência em empresas que entendem que as ações preventivas são custos desnecessários.

No que se refere às oportunidades, entendemos que Portugal tem muito que evoluir na aplicação dos conceitos de governança e gestão de riscos. Consideramos que existe muito trabalho a ser realizado e a ABCR tem profissionais com 30 anos de experiência na área, incluindo com clientes na Europa e EUA.

ABCR: Qual o impacto esperado no mercado português a médio e longo prazo?

Luís Narvion: Viemos para ficar e atender o maior número de clientes possível. Acho que o maior legado que podemos deixar é o de educação. Quando falo de educação, remeto imediatamente para a questão de cultura corporativa, isto é, ao um conjunto de crenças e comportamentos que orientam a forma como a gestão e os colaboradores de uma empresa interagem e lidam com as transações comerciais externas.

Mais do que a estratégia ou os modelos operacionais da organização, a cultura da empresa é a força motriz do seu negócio, é o ADN do negócio, definindo a forma como a equipa interage e atua.

Vivemos num mundo conectado e as pessoas singulares ou coletivas devem preocupar-se continuamente com riscos de imagem, financeiros e reputacionais.

A ABCR quer impactar o mercado português nesse sentido.

 

ABCR: Ao longo da sua carreira, quais foram os maiores desafios que enfrentou na área de gestão de riscos e compliance?

Luís Narvion: Trabalhei em 2 dos maiores bancos de retalho no Brasil como gestor de riscos e compliance. Infelizmente, o Brasil é um país pródigo em fraudes bancárias. Diariamente, os ciminosos inventam uma forma de tentar burlar os sistemas de segurança dos bancos. Mais de mil milhões são gastos anualmente a nível de prevenção e sistemas anti-fraude.

O maior desafio foi implementar os conceitos de gestão de riscos no início dos anos 2000. As pessoas achavam que o assunto era entediante e não tinha importância. O tempo provou o contrário.

Quem trabalha em bancos e grandes empresas sabe da importância do controlo e gestão dos riscos. Um crachá / cartão de identificação (ou qualquer outro sistema biométrico) não serve apenas para identificar o empregado. Serve para controlar os acessos e acima de tudo identificar responsabilidade.

Assim se desdobram os controlos como os PINs, fotos, acessos a ambientes/ setores restritos, emails, redes sociais, etc. Nada disso é por acaso. Serve de garantia para a empresa e para o empregado. Numa palavra: Transparência!

ABCR: Que aprendizagens importantes retirou das suas experiências anteriores e como as aplica atualmente na ABCR?

Luís Narvion: Resposta fácil: a gestão de riscos e a governança nunca estarão 100% completos.

Por um lado, requer um trabalho diário para atualização e certificação de ambientes seguros e estáveis.

E, por outro, requer inteligência emocional para administrar situações de stress.

ABCR: Considerando a complexidade do início dos anos 2020, como é que a pandemia de COVID-19 afetou a gestão de riscos nas empresas com as quais trabalham?

Luís Narvion: A mudança drástica na forma como as pessoas passaram a trabalhar durante a pandemia trouxe-nos grandes desafios.

As pessoas passaram a trabalhar fora do ambiente “controlado” das empresas e foram para as suas casas. Como saber se informações ou dados sensíveis (confidenciais) não estavam a ser vazados? Como saber se as pessoas estavam efetivamente a trabalhar e respeitar os princípios éticos e de conformidade?

As empresas rapidamente mudaram a forma de acesso aos sistemas, bem como parte dos nossos clientes atualizou o código de ética e conduta para garantir que os empregados ficassem a par das suas obrigações e responsabilidades em teletrabalho.

Os controlos foram ampliados rapidamente e foram criados planos de contingência.

Entrevista a Luís Narvion, COO da ABCR Portugal, focalizada no posicionamento e objetivos da empresa no mercado português

ABCR: Que mudanças permanentes esperam ver nas práticas de gestão de riscos pós-pandemia?

Luís Narvion: A pandemia “fechou” o Planeta de um dia para outro. Muito foi feito em termos de adequação da gestão e alinhamento de como e porque fazer. A maior mudança é a forma como o trabalho passou a ser feito e como as empresas estão preparadas para eventos drásticos.

A ABCR no Brasil passou por situação como essa há 2 meses. A sede foi afetada pela grande enchente que assolou a cidade de Porto Alegre (Estado do Rio Grande do Sul), mas a operação da empresa não parou um segundo sequer. Temos plano de contingência, comité de crise e cada colaborador sabe qual o seu papel e responsabilidade quando acionado. Isso é gestão. Isso é governança aplicada na essência.

ABCR: Quais são as suas previsões para o futuro da gestão de riscos em empresas de retalho e financeiras?

Luís Narvion: Não há como fugir de investimentos massivos em tecnologias e inteligência artificial. Estamos a falar de combate a grupos criminosos com poder económico gigantesco e tentarão de todas as formas burlar os sistemas e controlos das empresas – em especial as que trabalham com capitais.

Os investimentos das empresas em prevenção e tratamento de riscos serão maiores ou proporcionais aos grupos criminosos.

ABCR: Como vê a evolução da regulamentação e legislação em relação à segurança da informação e compliance nos próximos anos?

Luís Narvion: É uma pergunta complicada. Gosto e aprovo regulamentação, mas estamos a viver um momento único da história da humanidade. Ouso dizer que a legislação ficará obsoleta rapidamente ante a evolução rápida e drástica da tecnologia nos próximos anos. A Lei ficará a correr atrás das tecnologias.

 

ABCR: Que conselhos práticos dá a empresas que estão a começar a implementar práticas de gestão de riscos e compliance?

Luís Narvion: Resumidamente recomendaria

  • Seriedade e comprometimento – principalmente por parte do Board;
  • Contratar profissionais da área para coordenar o processo;
  • Top Down – todos na empresa são responsáveis;
  • Admitir que existem falhas e vulnerabilidades;
  • Tratá-las com prazos e responsabilidades;
  • Ter processo cíclico de análise, estudo, reanálise e aplicação de soluções;
  • Entender que a prevenção é fundamental para o negócio;
  • Gestão de riscos e compliance sustentam o core business;
  • Ampliar ou criar canais de denúncia sérios;
  • Tratamento responsável e sério das denúncias encaminhadas;
  • Clareza nos benefícios da gestão transparente;
  • Clareza nas sanções para quem não respeitar as políticas da empresa;
  • Investimento constate (orçamento) na área e sistemas de controlos.

ABCR: Por último, quais são os erros mais comuns que observa nas empresas em relação à gestão de riscos e como evitá-los?

Luís Narvion: Como refeirdo anteriormente, o erro mais comum é considerar que todo a gestão de riscos e compliance são gastos desnecessários. Vi inúmeras empresa que faliram porque os empresários/ gestores não prestaram a seriedade necessária ao tema.

Como pode um empresário exigi cumprimento de normas se é o primeiro a não a cumprir?

Outro erro é pensar que uma vez feito o primeiro trabalho na área, estará seguro para todo o sempre. Mas não é bem assim, O correto é uma vez feito o trabalho, este deverá ser alvo permanente de atualização.

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